Provocativa, assim era o lema de vida daquela garota. Por qualquer lugar que caminhasse, em qualquer direção, seus poros exalavam verdades cortantes. Depois de cinco minutos de conversa, ninguém era mais o mesmo. Ela desequilibrava, mirava e atirava e era certeira. Nunca morreram por inteiro nas conversas, mas quiseram desaparecer aos poucos. Não havia retorno. Para seguir em frente era preciso olhar para dentro de si mesmo e questionar.
“Você tem certeza que suas convicções sobre amor não passam apenas de desculpas para seguir em frente?” Ele parou e pensou para responder.
“Tenho plena certeza!”
“Viver em uma cidade repleta de vida pode significar morte, já pensou nisso?”
“Escolhi ser sozinho, gosto de ser assim…”
“Você escolheu sim, absolutamente certo, mas com certeza uma perda te levou a isso…” “Quem você perdeu?” “Ou o quê?”
“Não sou perdedor”
“Verdade, você ganhou a solidão e a repetição das mesmas histórias por falta do que contar…”
“Eu não sou assim…” Um silêncio tomou conta daquele apartamento dormitório.
De repente quase gaguejando para ela, ele perguntou:
“Por que você acredita…no que não existe?”
“Eu sinto…muito…”