dentro e fora

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Por que não consigo enxergar de fora? Meus olhos estão voltados para dentro, fogem lentamente desse lado estranho que se mostra ponto a ponto, dia a dia, hora a hora.

O que somos?

O que seremos?

O nós nunca esteve tão eu.

 Todos vivendo seus tempos numa normalidade anormal.

Silêncios.

Tudo está no lugar, um lugar matriz.

Hoje: reuniões, processos, estudos, vida, sonhos.

Amanhã: reuniões, processos, estudos, vida, morte, pesadelos.

Levantes? Autoalienação? Sensacionalismo? Excesso de informação? Pessimismo?

Fuga.

A descriação de um sentido.

Apatia,

economia,

empatia,

economia,

sociologia,

apatia.

Ubiquidades. Se enxergo fora, fico cega. Assim como a neblina cria um véu sobre as verdades obscuras, ver desmobiliza, atinge diretamente meu coração ansioso que se corrói na noites de trevas criadas e permanece no ser. Existe algo lá fora? Ideias de fora e de dentro. Enquanto isso eu aqui com minhas ideias de dentro sufoco lentamente. Vidas que evaporam e o peso diário dos dias de ontem, de anteontem e dos agoras revestidos de perfeição ilusória.

 Silêncio.

Queria  esconder-me  do lado de fora para não enxergar o que está dentro.

Pratique o apego. Não seja descartável 

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Estava lendo e gostei do texto de Rebeca Bedone, trouxe um trecho para meu blog.

Ser independente emocionalmente é estar bem consigo mesmo, sozinho, como unidade, pois não é preciso outra pessoa para se sentir completo. Em outras palavras, é não ser dependente da aprovação alheia para a própria felicidade nem sentir ciúmes do amigo ou do parceiro o tempo todo. Entretanto, ter independência emocional não significa abdicar da união sentimental com alguém. É possível estar com o outro – com mimos, declarações de carinho e até mesmo contato diário – sem ser dependente dele.

Parece que a onda agora é se esforçar cada vez menos para estar ao lado de alguém na esfera sentimental. Talvez por insegurança, talvez para evitar qualquer tipo de sofrimento. Acontece que amar não é sofrer. A gente sofre depois que o amor acaba. Mas enquanto ele existe, é um sentimento tão honesto que somos capazes de respeitar a independência emocional do outro sem romper os vínculos afetivos com ele.

Após o término de uma relação que não deu certo, é normal o distanciamento, ou seja, o encerramento daquela etapa da vida. Mas quem inicia um relacionamento pensando “vou ficar na minha para não me apegar muito” já está terminando antes mesmo de começar.

Os relacionamentos superficiais são fruto dessa nova “cultura do desapego”: falta contato físico e sobra frieza emocional. A qualquer contratempo na relação, desiste-se da pessoa e parte-se para outra. Troca-se de namorado como se troca de roupa. Evita-se a amizade. Criam-se relacionamentos descartáveis. Pessoas descartáveis. Sorrisos descartáveis. Gente descrente. Zack Magiezi resume, em outras palavras, essa falta de ligação com o outro: “No século 21, só os corajosos sabem dizer: preciso de você”.

Está sobrando gente desapegada e está faltando abraço apertado, beijo molhado e carinho no peito. Tem muito grito de individualismo (ou seja, de independência egoísta) para pouco silêncio compartilhado. As pessoas se comunicam via cosmos com suas parafernálias tecnológicas e se esquecem da simplicidade do olho no olho.

É natural desapegar-se do que não te faz bem ou daquilo que te traz infelicidade, mas não é saudável levar uma vida desapegada das pessoas. Os desapegados renunciam aos seus sentimentos. Eles até podem ser felizes sozinhos, mas nunca aprenderão como é bom estar junto de outra pessoa.

BEDONE, Rebeca. Disponível em: <http://www.revistabula.com/7559-pratique-oapego-nao-seja-descartavel/&gt;. Acesso em: 31 out. 2

Zíper

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Aprendi nessa minha vida a ter coragem.

Coragem para todos os enfrentamentos

Enfrentamentos me fazem crescer, entender o humano.

Não entendo a falta de coragem em homens e mulheres.

Faltam vozes, palavras ou estou enganada?

Sentimentos bloqueados, talvez, de um passado.

…pisam seres inocentes.

…desprezam.

…atiram.

…naqueles que abriram suas portas.

…a atingem a si mesmos.

Silêncios e Ruídos

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Linguagens, linguagens..
.dança, música, poesia,imagens..
.tudo e nada
quando a palavra,
o encontro,
o dizer
o não diz.
Brincar de esconder-se,
Brincar de dizer que quer
E não quer
…assim vão roubando seu tempo
… assim você vai se acostumando
…assim você esquece que você merece.
Lembre, você merece sempre!

Homem mulher

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Homem mulher
Sinto como fêmea. Fantasio em abundante testosterona. Deslizo delicadezas.
Escondo desejos incontáveis

Nas quatro estações, com o movimento do meu corpo
engulo suas vontades, trago perfumes amargos em toda doçura original.

Meu silêncio. Nosso silêncio.
Sem palavras. Com dúvidas em distâncias no tempo
Pregamos a peça nos desertos da solidão.
A surdez produzida. Hálito sem voz. Homem mulher na vida.
Sonho de amar perdido.

Espelhos

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A inquietude no silêncio da palavra. Esbarra. Some. Provoca. Desiste. Volta à cena no retrato da alma. É o corpo à espera e o desejo incansável do outro.Quem sabe a alma pule,grite,evapore e diga venha agora.É a imagem infinita plantada na história do número dois integrado num só destino inexorável. Olha. Sente. Deseja. Retorna. Ponto zero de um perfomático estado. Briga. Pratos virtuais quebrados. Paredes rachadas. Liberdade. Seríamos eternos primatas do desejo incontrolável de uma poeira da memória que um dia subiu em árvores? Insight!

De mãos dadas

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é meu tempo de amanhecer, a noite já se faz longe

reviro papeis, fatos, regalos, cheiros, suores

e procuro por ela: palpitante palavra

 

é meu tempo de entardecer, a manhã será levada,

é o vento traçando caminhos  sob meus calcanhares

dores d’alma a cada passo cortado

 

é tempo de desanoitecer

é tempo de desentardecer

é tempo de desamanhecer

 

Um tempo sem tempo é o agora

em que toco a invisível palavra

como uma namorada embalada pelas nossas mãos

que nunca foram dadas…

 

 

 

 

Aberturas

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Se  a encobrem 
fortaleza
Se tudo vira escuridão
segurança
Se ali está brilhante
firmeza
Se sumiu nas nuvens pesadas
ilusão
Há…
Aberturas
Nas distâncias
Texto adaptado (inspiração)  do Sr. Exu Pinga Fogo
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 Foto: Ronaldo de Sousa

Escapes do desejo

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Minha crônica leva a poesia até alma andrógena do humano.

Sempre surgem uns feiticeiros que resolvem mudar o curso da história a seu bel prazer, ou digamos à sua vontade dominadora. Nas 24 horas estabelecidas no calendário humano, a contagem  leva em consideração o movimento do planeta neste infinito universo. Pois bem, minha escrita hoje quer fazer  o mundo girar pelos labirintos dos desejos. O que tenho? Uma antiga história de contos de fada, contada de um ponto de vista, digamos, um pouco ousado; um cenário distante de cursos pre-estabelecidos, de horários e marcações humanas.

A princesa quem é? Rapunzel. O príncípe? Rapunzel.

“Um prédio. Sol escaldante. Portas cerradas. Uma voz, duas vozes. Trancou-a lá. Sem saída. Era um sequestro. Uma vingança de quem que não conhecia os desejos, apenas tinha vontades que iam e vinham. Conseguiram  prender a indesejada rapunzel no quinto andar do prédio abandonado. Estava feito.

Resultado: as vontades não trazem o gozo tão esperado apenas deixam um vazio percorrendo o corpo. Queriam  roubar os desejos da menina, sabiam que, se a prendessem,   conseguiriam.

No quinto andar presa, rapunzel estava envolvida pelo desconhecido, o mais vibrante, o mais quente, o mais emocionante. O que fazer se estava ali sozinha e nenhum príncipe fora de época iria libertá-la ? Dias e dias derretendo  e perdendo seus desejos que vinham e percorriam seu corpo pelas beiradas, mas não se fixavam. Enquanto o tempo passava, seu cabelo ganhava tamanho, cada vez mais. Seus pelos viravam florestas onde qualquer intruso se perderia em prazer, menos ela que sofria por não poder absorvê-los.

Tinha aprendido a ter vontades e saciá-las, mas elas não se comparavam aos desejos. Estes sim lhe davam medo. Pensou que enlouqueceria. Foi assim durante alguns dias, até que seus dedos começaram a deslizar pelas suas tranças que se misturavam a sua mata impenetrável até então. Aquilo sim era bom, dava-lhe um prazer mínimo, mas já era um início. Penetrações e pequenos prazeres diários.

Presa no quinto andar começou a esquecer do mundo lá de fora.Seu desejo foi ficando maior. As fantasias surgiam e explodiam a sua frente. Suas tranças? Por que não?

Usou-as ferozmente a seu favor. Não se importava mais se estava no quinto andar, havia ali um escape que a faria gozar imensamente em parceria sem disperdiçar nenhuma gota de prazer. Era a vitória sobre a prisão. Era o privilégio de uma conquista. E assim foi.

O gozo a libertou.

E as vontades? Ah estas ficaram perdidas nas horas humanas. Rapunzel agora desejava…12788054_10154101333938949_1139572016_n

Foto: Ronaldo de Sousa / crônica visual

 

 

 

Visita ao Pôr do Sol

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Caminho para a despedida do dia. E a noite chegará. Se ela será tranquila ou com faíscas riscadas, depende das escolhas que fiz durante as últimas 18 horas de vida diurna. É o momento das despedidas. Deixar para trás tudo que vivi nas incertezas e nas frustrações. Agora tenho um olhar amadurecido,cujos problemas tornam-se mínimos, mas que em outras épocas seriam responsáveis por uma grande depressão. Um amor à vida mais do nunca, uma estrada espiritual que me leva e segue me dando a liberdade de encontrar no meu tempo o eterno para sempre. A paciência, a demora, o passo a passo fazem parte do meu novo rumo. Não serei mais visita um dia desses, mas uma eterna vencedora do pôr do sol.

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Foto: Odyr J. (Pôr do sol em Guaraqueçaba)

Mala mágica

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Só vale a pena fazer a mala se ela for mágica, pois só assim  o destino inventará os prazeres11880983_10153691402928949_152314590_n

Foto: Ronaldo de Sousa

Nas noites de lua cheia, dizem que se abrem encantos por toda ilha. Energias revelam os amores escondidos, beijos encantados, paixões aceleradas. Sabores exóticos revelam a necessidade de todo erotismo que desfila nas palavras, nos gestos, nos sorrisos. Há a necessidade de amar, de rolar nas águas frias de um final de inverno, andar de mãos. dadas embaixo da chuva leve que cai durante todo o dia.Roubar uma bicicleta ali largada e sair sem destino pela areia da praia e depois descansar sedentos de amor.E a vida segue…

luz

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Tentativas. Expectativas. Espaços.
Fluir em direção.
Misturar-se entre a matéria impenetrável
e as beiradas carregadas de tesão

Chão. Teto. Infinitude
Luz que adormece entre o hojes e os amanhãs
e acorda rebentando cumplicidade de amar

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Foto: Wal Martins

Ensaio sobre a saudade (para minha mãe)

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Cada segundo, cada minuto que vivemos traz a marca da saudade. O tempo se faz de maneira contínua e sem a seta de retorno, desta forma seremos sempre reféns do passado. Inexorável. Isto é bom ou ruim? Nenhum, nem outro apenas um fato real. Vivemos à procura de complementos, afetos, vontades, parceria. Efetivamente nossa história é feita de solidão inicial e final. Por isso na vida construímos pontes para chegar até o outro. Permanecemos sozinhos no útero materno sim. Saímos das entranhas de nossas mães rebentando para a vida fazendo força para vencer a última etapa de um grande começo. Sozinhos? Sim, mas amparados por ela, a mestra da vida. Nossa solidão terá sempre alguém que ficará de fora olhando o presente e o futuro como corredores imensos de onde serão construídas pontes possíveis. A saudade nos torna parceiros e nos mostra que a solidão tem apenas dois momentos que são portais para a vida: o início e fim de tudo. Aprendemos a conhecer o amor por ela: a mãe. Mas quando o perdemos no meio do caminho, nasce a pequena pedra que fará bolhas no coração. Claro se não soubermos encará-la como a dura companheira do tempo. Tenho saudade da minha mãe querida, porém a transformei em um grande monolito e agora a saudade é apenas um enfeite lindo para o dia a dia, por onde escuto as vozes que carrego em mim de um passado cheio de histórias de filha e mãe.